VISITA AO SANTUÁRIO NACIONAL DE NOSSA SENHORA APARECIDA
REFLEXÕES - VISITA AO SANTUÁRIO NACIONAL DE NOSSA SENHORA APARECIDA (9,10 E 11 DE DEZEMBRO DE 2022).
Naquele tempo, disse Jesus às multidões: "Com quem vou comparar esta geração? São como crianças sentadas nas praças, que gritam para os colegas, dizendo: 'Tocamos flauta e vós não dançastes. Entoamos lamentações e vós não batestes no peito!' Veio João, que não come nem bebe, e dizem: 'Ele está com um demônio'. Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: 'É um comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e de pecadores'. Mas a sabedoria foi reconhecida com base em suas obras". (Mateus 11, 16-19).
Certamente não estamos com o "demônio" e também não somos "comilões e beberrões"; também não somos cobradores de impostos. No entanto, somos pecadores! A graça de Deus é abundante, seu coração é misericordioso, sua compaixão é infinita. A experiência de fé, aqui no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida se traduz na reflexão profunda acerca dos mistérios do Senhor e de seus desígnios para cada um de nós.
A peregrinação é um chamado de Deus. É uma motivação, um convite instigante que arde no peito, no coração. Representa o sair de sua própria casa, de seu conforto, das coisas comuns e que nos dão uma pseudo segurança emocional e espiritual. A voz divina que nos chama à peregrinação, a trilhar novos rumos, a nos conduzir ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida também representa um mistério, pois brota de algo que transcende nossa explicação, entusiasmo e interesse. Aqui retrato a minha experiência, os meus motivos, a voz divina que me trouxe ensinamentos e correção de rumo. A voz do Senhor visitou meus ouvidos. É uma voz doce e amável. Ouse você também voltar seus caminhos para os projetos do Senhor. Sem a livre vontade da aceitação a esperança divina não se manifestará em nós, em nossos corações. Assim, entendi que o acolhimento da palavra é condição necessária para que possamos nos aproximar de Deus e de seus projetos. A manifestação de Deus é majestosa e foge completamente à nossa compreensão e linguagem. Assim, o retirar-me de minha cidade, percorrer os caminhos até Aparecida, fizeram com que eu refletisse profundamente sobre minha condição de cristão e sobre os meus motivos. Afinal, o que eu quero? O que eu pretendo? O que vou fazer com minha vida? O que posso pedir à Nossa Senhora Aparecida? O que agradecer? Enfim, o que Deus quer de mim? Qual é a minha importância para Deus? Bem, estou falando de uma experiência única, que me conduziu até Aparecida através de um chamado doce e suave: venha até mim! O peregrinar, portanto, representa a própria reflexão e conclusão de que a fé exige uma firme vontade de mudança rumo à novas perspectivas, novos horizontes, um abandono do homem velho e cansado, abatido. É a vontade de banhar-se em águas cristalinas, de repousar na sombra agradável da paz e longe das coisas do mundo e das falsas promessas do consumismo e da cultura do sucesso, do culto ao corpo e à beleza. As coisas do Senhor são mais atraentes, são imensuráveis, são belas, profundas, são mais coloridas, são eternas!
Vivenciar a experiência da fé no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, contemplando a beleza de suas formas e o esplendor do amor divino por nós! Nossa Senhora Aparecida, rogai por nós!
Avistar o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida é mergulhar num processo histórico repleto de fé, devoção, milagres, testemunhos e determinação daqueles que se deixaram abençoar pelo chamado do Senhor e de Nossa Senhora Aparecida. Afinal, o que Deus quer nos falar? Qual é a dimensão mais profunda de visitar o Santuário? Quais são os motivos que nos impulsionam para o interior do Santuário, para seus mistérios, segredos? Numa palavra: a contemplação, o silêncio e a escuta da voz de Deus que nos convida amavelmente para o convívio em seu jardim, em seu paraíso, sintetiza nossa busca pela felicidade e vida em abundância.
A voz que ecoou em meus ouvidos: faça uma viagem para o interior de sua própria alma e encontre as centelhas do amor de Deus, que espera eternamente pela sua conversão; não surpreenda-se com as inquietações e angústias, afinal você pode duvidar e desanimar, mas tenha a certeza que Deus jamais desistirá de de seu amor por você, por mim, pela humanidade. Constantemente, fiquei me perguntando: afinal, o que Deus quer de mim? E, de acordo com o entendimento de seu querer, o que devo fazer? Quais devem ser as minhas atitudes que correspondam ao projeto do Senhor? Sei que é algo profundo e que vai além daquilo que eu imagino, pois não se trata das minhas vontades e desejos e daquilo que entendo como bondade, generosidade, compaixão. A palavra de Deus vai além desse entendimento humano, do meu entendimento e querer, pois exige um deslocamento radical dos rumos de minha vontade, que deve contemplar o bem comum e a justiça social. Mas, exige ação concreta, desprendimento, sentimento de paz interior e escuta ativa da mensagem das sagradas escrituras. Em minhas reflexões profundas, entendi que os desígnios de Deus são insondáveis e inatingíveis pela lógica humana. Não há nada que possamos definir, mensurar e especular acerca dos mistérios de Deus e de sua vontade. Deus sintetiza o absoluto em todas as dimensões que podemos imaginar e mensurar. Percebi que todas as especulações filosóficas e os impactos da ciência e da tecnologia para a existência humana e todas as culturas, são inexpressivas diante da vontade de Deus e de sua manifestação livre, bondosa e gratuita para seus filhos. Assim, lembrei-me da Parábola dos Trabalhadores da Vinha: Deus é generoso e sua bondade escapa à nossa lógica e compreensão. Por isso mesmo, fiquei animado em saber que posso recomeçar, que posso me sentir abençoado por Deus, que Ele pode me conduzir à felicidade, que posso ser conduzido pela sua graça e misericórdia.
Facha Sul do Santuário Nacional Nossa Senhora Aparecida. Foto: PhD. Nossa Senhora Aparecida, iluminai nossos caminhos. Protegei nossas famílias!
Em minhas reflexões à caminho do Santuário, ainda subindo as escadarias de acesso à fachada sul, pude entender que Deus é uma comunidade de amor, manifestada através de seus mistérios insondáveis. Assim, posso entender a manifestação de Deus, o nascimento de Jesus Cristo, os mistérios da encarnação através de Maria e a presença de José, os mistérios da ressurreição e manifestação do Espírito Santo. Ora, aqui temos uma comunidade que foge ao entendimento humano: Deus, Jesus Cristo, Maria, José e o Espírito Santo. De toda maneira e com as explicações teológicas acerca do que explanei acima, prevalece nossa fé e perseverança em acreditar na providência divina e em sua compaixão por nós! A infinita bondade de Deus é inacessível aos nossos corações, muitas vezes arrogantes e desconfiados sobre a misericórdia divina. E isso porque nós queremos fazer as coisas ao nosso modo e entendimento.
O estudo da história da salvação é necessário para o entendimento da mensagem do Senhor Deus. Aos poucos, vamos entendendo que Deus se manifesta através da história humana, situada num espaço, num tempo compreensíveis à nossa linguagem e entendimento. É um tempo de espera, mas também é um tempo de esperança e busca pela paz e libertação. No entanto, precisamos compreender nosso próprio comportamento espiritual. Precisamos buscar o novo, a novidade e a boa notícia que o Evangelho do Senhor nos comunica. Eis que faço nova todas as coisas! E isso é reconfortante aos nossos corações porque não se trata tão somente das coisas do mundo, mas diz respeito ao nosso eu mais profundo e aos nossos corações e à nossa busca incansável pela paz, felicidade e alegria. Trata-se da paz tão almejada pelas nossas almas em busca de águas cristalinas. Mas, devemos compreender que um critério para mensurarmos a qualidade de nossa fé é submetê-la aos princípios dos textos sagrados. Assim, poderemos evidenciar com clareza se o que almejamos visão tão somente a satisfação de nossos desejos e vontades; ou, ao contrário, se o nosso querer e vontade são justificados pelas palavras que gritam pela vida em abundância em todas as dimensões conhecidas por nós. Aqui, minha experiência remeteu-me a seguinte conclusão: estou á procura de mim mesmo, tentando compreender os desígnios do Criador. Afinal, o que Deus quer de mim? É verdade que não encontraremos nos outros um porto seguro que nos garanta a felicidade e paz. Mas nós podemos encaminhar nossas energias para a construção da paz e da felicidade, estendida a todas as pessoas que nos rodeiam e que estão mais próximas a nós. Assim, pude entender também, que um dos princípios elementares para atingirmos a felicidade e a paz refere-se ao desprendimento livre e consciente do sentimento de posse, do querer desenfreado pelo sucesso e bem-estar material. Essa reflexão não diz respeito às coisas relacionadas ao universo do trabalho e da obtenção de renda necessária a própria sobrevivência e de meus semelhantes. Ora, é algo que está para além da compreensão dos outros e de seus princípios consumistas, imediatistas e perdidos nas promessas do mundo digital. Dessa maneira, posso compreender que a mensagem do Senhor, em seu Evangelho, mostra claramente o que eu não devo fazer e o que eu preciso fazer, necessariamente, para elevar-me humildemente e ser digno de receber sua graça.
Basílica Velha dedicada à Nossa Senhora Aparecida. Foto: PhD. Nossa Senhora Aparecida, fortalecei nossa fé na mensagem do Evangelho do Senhor! Amparai nossos corações e protegei nossas famílias!
Chegando à Basílica Velha de Nossa Senhora Aparecida
Minha peregrinação se estendeu até à Basílica Velha dedicada à Nossa Senhora Aparecida. Num processo de introspeção profunda, pude observar que, ao longo do tempo, Deus não se importa com meus tropeços e rebeldia, com meus desânimos. Ele está presente, pronto para me acolher, exatamente do jeito que sou e pelo nome que Ele me conhece. Sou único! E isso é maravilhoso! Sentir-se acolhido, mesmo com todas as dificuldades e desconfianças sobre o amor de Deus e sua infinita misericórdia e compaixão, seu perdão e benevolência. Seu chamado é tão forte e cativante que é mais fácil querer fugir das exigências de suas palavras contidas no Santo Evangelho. Quem quiser me seguir, tome sua cruz! É como diz o salmista: Como posso calar se tua voz arde em meu peito! Assim, mesmo que eu não queira sua graça, aí ela está sempre presente, esperando pelo meu sim e entrega livre e consciente. Mas, ao mesmo tempo, a voz do mundo e de suas promessas e cores brilhantes ofuscam meu querer, minha conversão e mudança de rumo. É o atrativo pela paz míope das coisas mundanas e das quinquilharias e acessórios dos apelos materialistas. Aqui revelo o que há de mais pobre em meu coração, ou seja, a dúvida, a dificuldade da entrega. Mas, ao mesmo tempo, o sentimento profundo e inexplicável do amor de Deus são elevados. A soma de Deus é enorme. É algo que foge ao vocabulário, à nossa linguagem, à nossa explicação lógica e razoável! É uma experiência de fé! Todo e qualquer caminho iniciado pela fé, também encontrará seus percalços e dificuldades, mesmo porque nossos corações estão sujeitos às promessas do sistema consumista e dos atrativos das coisas do mundo.