A PARÁBOLA DOS VINHATEIROS MAUS
"A parábola dos vinhateiros maus é um chamado à partilha dos dons e talentos que Deus nos confiou, pois como disse Santo Agostinho: 'Deus nos deu o talento da vida e o tesouro da graça, para que possamos partilhar com os outros e multiplicar o bem'." (Santo Agostinho, Sermão 341).
REFLEXÕES
A PARÁBOLA DOS VINHATEIROS MAUS: A IMPORTÂNCIA DA FRATERNIDADE E DA PARTILHA NA VIDA CRISTÃ
A parábola dos vinhateiros maus, presente no Evangelho de Mateus, apresenta a figura de Deus como proprietário, os líderes religiosos como vinhateiros maus e os profetas como enviados para guiar o povo. A passagem traz importantes ensinamentos sobre a fraternidade e a partilha na vida cristã, ressaltando a importância de utilizarmos os dons e talentos que Deus nos confiou em favor do bem comum e da justiça, bem como contribuir para a construção de uma sociedade mais solidária e justa. A parábola é um chamado à conversão e ao compromisso com o Reino de Deus, que é um Reino de amor, justiça e fraternidade.
A passagem do Evangelho de Mateus (Mt 21,33-43.45-46) é uma parábola contada por Jesus que fala sobre a relação entre Deus e os seres humanos. A história é sobre um proprietário de uma vinha que arrenda a sua propriedade para os agricultores e, quando envia seus servos para colher os frutos, eles são agredidos ou mortos. Por fim, ele envia seu próprio filho, que é morto pelos agricultores. Jesus pergunta então aos ouvintes qual seria a resposta do proprietário.
A interpretação da parábola tem como ponto central a ideia de que Deus é o proprietário da vinha, os agricultores são o povo de Israel e os servos são os profetas. O filho enviado pelo proprietário é Jesus, que é morto pelos líderes religiosos. A parábola é um alerta para o povo de Israel e para todos os seguidores de Jesus sobre a importância de reconhecer e aceitar a autoridade de Deus.
A parábola de Mateus é um chamado à conversão e à obediência a Deus. A vinha é uma imagem comum na Bíblia para o povo escolhido de Deus. Os líderes religiosos do povo de Israel não estavam produzindo os frutos que Deus esperava, ou seja, não estavam cumprindo sua missão de conduzir o povo para uma vida em comunhão com Deus.
Ao enviar seu filho, Deus ofereceu a possibilidade de reconciliação e de restauração da relação entre Deus e os seres humanos. A morte de Jesus na cruz é o ato supremo de amor e de perdão de Deus para com a humanidade. Por meio da morte e ressurreição de Jesus, Deus oferece a todos a oportunidade de se arrepender e voltar para ele.
A parábola de Mateus é um chamado à responsabilidade e à fidelidade. Todos os batizados são chamados a produzir frutos para Deus, ou seja, a viver uma vida em conformidade com os ensinamentos de Jesus. A parábola também é um lembrete de que Deus é o dono da vida e de que todos somos seus servos. Devemos estar sempre atentos à sua voz e obedecer aos seus mandamentos.
A parábola de Mateus é uma exortação à conversão, à obediência e à fidelidade a Deus. É uma mensagem de amor, perdão e misericórdia de Deus para com a humanidade, manifestada de forma suprema na morte e ressurreição de Jesus. Todos são chamados a produzir frutos para Deus e a estar em comunhão com ele.
APROFUNDAMENTO DA MENSAGEM
São João Crisóstomo, um dos Padres da Igreja, comentou sobre a resposta do proprietário na parábola: "Ele não respondeu com palavras severas, mas com paciência extrema, dando a eles a chance de se arrependerem e se corrigirem. Assim, Deus pacientemente nos dá muitas chances de nos convertermos de nossos erros". (Homilia 68 sobre o Evangelho de Mateus).
Santo Agostinho, outro importante teólogo católico, destacou a importância de dar frutos para Deus: "Aquele que não produz frutos bons não é nada além de um galho seco. É preciso que sejamos galhos que produzem frutos doces e nutritivos para que possamos ser aceitos por Deus" (Comentário sobre o Evangelho de João 15,5).
Santo Tomás de Aquino, um dos principais teólogos medievais da Igreja Católica, enfatizou a importância de reconhecer a autoridade de Deus: "Assim como os agricultores da parábola rejeitaram a autoridade do proprietário, muitos rejeitam a autoridade de Deus. Devemos sempre lembrar que Deus é o dono da vida e devemos obedecer aos seus mandamentos" (Suma Teológica II, II, q. 101).
Por fim, o Papa Francisco falou sobre a parábola de Mateus em sua homilia em 2017: "A vinha é a imagem do povo de Deus, que precisa ser cuidado e cultivado. O proprietário, que é Deus, nos confia a sua vinha, e espera que produzamos frutos para ele. Devemos sempre lembrar que somos servos de Deus e que devemos obedecê-lo com humildade e amor" (Homilia na missa matutina em Santa Marta).
Esses comentários de Santos e teólogos católicos sobre a parábola de Mateus mostram a importância de reconhecer a autoridade de Deus, produzir frutos para ele e estar em comunhão com ele. A parábola é um chamado à conversão, à obediência e à fidelidade a Deus, que nos oferece a oportunidade de reconciliação e de restauração da nossa relação com ele por meio de Jesus Cristo.
AS VINHAS E AS COLHEITAS
As vinhas e as colheitas das vinhas eram elementos muito importantes na época de Jesus Cristo. Na Palestina, a vinicultura era uma atividade agrícola significativa e desempenhava um papel vital na economia local. A região tinha condições climáticas ideais para o cultivo de uvas, e muitos vinhos eram produzidos para consumo interno e exportação.
As vinhas eram frequentemente propriedade de ricos proprietários de terras, que as arrendavam para camponeses e trabalhadores. O arrendamento da vinha era uma forma comum de trabalho agrícola na Palestina, e muitas vezes envolvia uma partilha dos lucros da colheita entre o proprietário e o arrendatário. Isso criava uma relação de dependência e confiança mútua, onde ambas as partes dependiam do sucesso da colheita.
A época da colheita das uvas era um momento de grande alegria e celebração. Muitas vezes, as colheitas eram realizadas em festivais públicos, onde a comunidade local se reunia para colher as uvas e produzir o vinho. O vinho era uma bebida muito valorizada na cultura judaica e era usado em cerimônias religiosas e sociais.
Na Bíblia, a vinha é frequentemente usada como uma metáfora para representar o povo de Deus. Em Isaías 5, 1-7, por exemplo, a vinha é usada para descrever a nação de Israel, que foi plantada por Deus, mas não produziu os frutos esperados. Em outras passagens, como na parábola de Mateus 21, 33 - 46, a vinha é usada para representar o Reino de Deus, que é confiado aos cuidados de seus servos.
Em suma, as vinhas e as colheitas das vinhas desempenhavam um papel importante na cultura e economia da Palestina no tempo de Jesus Cristo. Eles eram fonte de sustento e alegria para muitas pessoas, e sua importância era reconhecida tanto na vida cotidiana quanto na literatura bíblica.
FESTAS DA COLHEITA DAS VINHAS
Existiam diversas festas que celebravam a colheita das vinhas na época de Jesus Cristo em diferentes regiões do mundo antigo, incluindo na Grécia Antiga, Roma e Israel.
Na Grécia Antiga, a festa da colheita das uvas era conhecida como "Anthesteria" e durava três dias. Era uma celebração que combinava elementos religiosos e sociais, incluindo um banquete em que as pessoas bebiam vinho, dançavam e se divertiam. Os gregos associavam o vinho ao deus Dionísio, que era o deus do vinho e da fertilidade. Dionísio era frequentemente retratado como um ser mitológico selvagem e extasiado, simbolizando a embriaguez e a exaltação que o vinho poderia proporcionar.
Em Roma, a festa da colheita das uvas era conhecida como "Vinalia Rustica" e era celebrada em honra da deusa Venus, que era a protetora dos jardins, da vinha e do amor. A celebração incluía um banquete em que as pessoas bebiam vinho novo, que ainda não havia sido fermentado completamente, e dançavam em agradecimento à boa colheita.
Em Israel, a festa da colheita das uvas era conhecida como "Sukkot" ou "Festa dos Tabernáculos". Era uma festa religiosa que durava sete dias e celebrava a colheita da uva, bem como outras colheitas agrícolas. Durante a festa, as pessoas moravam em cabanas temporárias feitas de ramos e folhas para lembrar as cabanas em que os israelitas moravam durante a sua peregrinação pelo deserto após a libertação do Egito. As pessoas bebiam vinho durante a celebração e ofereciam uma parte da colheita a Deus como um agradecimento.
Em todas as três culturas, a vinha e o vinho eram vistos como símbolos de fertilidade e de bênção divina. Além disso, em todas elas, havia mitos e deuses associados à vinha e ao vinho. Na Grécia Antiga, por exemplo, além de Dionísio, havia também uma deusa chamada Deméter, que era a deusa da colheita e da agricultura. Em Roma, além de Venus, havia um deus chamado Baco, que era o deus romano do vinho e da fertilidade.
A embriaguez era discutida de forma diferente em cada cultura. Na Grécia Antiga, a embriaguez era vista como algo divino e até mesmo sagrado, uma vez que acredita-se que as pessoas ficavam possuídas pelo deus Dionísio quando bebiam vinho. Em Roma, por outro lado, a embriaguez era vista como algo mais mundano e às vezes até mesmo impróprio, especialmente em contextos religiosos. Em Israel, a embriaguez também não era vista com bons olhos e, de fato, as pessoas eram advertidas a não beberem excessivamente durante as celebrações religiosas.
Assim, as festas da colheita das vinhas eram muito importantes na Grécia Antiga, Roma e Israel, e eram vistas como uma oportunidade para agradecer aos deuses pela boa colheita e pela fertilidade da terra. O vinho era visto como um presente dos deuses e, portanto, era considerado um símbolo de bênção divina. As diferenças nas celebrações e crenças em torno do vinho refletem as diferenças culturais e religiosas entre as diferentes sociedades antigas. Enquanto na Grécia Antiga, a embriaguez era vista como algo divino, em outras culturas, a embriaguez podia ser vista como algo mais mundano e até mesmo impróprio. Ainda assim, a importância das vinhas e das colheitas das vinhas na época de Jesus Cristo era inegável e deixou uma marca duradoura na história e na cultura das sociedades antigas.
SACERDOTES E SUMOS ANCIÃOS
Os Sacerdotes e Sumos Anciãos eram importantes figuras religiosas e políticas na época de Jesus Cristo. Eles eram membros do Sinédrio, um conselho de líderes religiosos e jurídicos judeus que exerciam grande influência sobre a comunidade judaica.
Os Sacerdotes eram responsáveis pelo serviço no Templo, incluindo os sacrifícios e outras cerimônias religiosas. Eles eram escolhidos entre a tribo de Levi e eram considerados como os guardiões da Lei Mosaica. Os Sacerdotes também eram responsáveis pela interpretação e ensino da Lei para o povo judeu.
Já os Sumos Anciãos eram líderes políticos e religiosos, que ocupavam posições de destaque na comunidade judaica. Eles eram responsáveis por julgar casos legais e por representar o povo judeu diante das autoridades romanas. Os Sumos Anciãos também tinham grande influência sobre a religião judaica e muitas vezes estavam envolvidos em questões religiosas, incluindo a interpretação e ensino da Lei.
Ambos os grupos ocupavam uma posição de grande autoridade e influência na comunidade judaica na época de Jesus Cristo. No entanto, a teologia católica destaca que nem todos os membros desses grupos eram fiéis à Lei de Deus e muitos foram culpados de corrupção e hipocrisia. De fato, alguns líderes religiosos judeus foram criticados por Jesus Cristo por sua falta de autenticidade e pela maneira como usavam sua posição para benefício próprio em vez de servir ao povo de Deus.
A frase "A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular" é uma citação do Salmo 118, 22 e é mencionada em vários lugares nos Evangelhos. Na teologia católica, essa frase é vista como uma referência a Jesus Cristo, que foi rejeitado pelos líderes religiosos de seu tempo, mas se tornou a pedra angular da Igreja.
Uma das passagens mais conhecidas em que essa frase é mencionada é em Mateus 21, 42, em que Jesus se refere a si mesmo como a pedra rejeitada pelos construtores que se tornou a pedra angular. A passagem diz: "Jesus lhes disse: 'Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os construtores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular; pelo Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos olhos?'"
A importância dessa passagem na teologia católica é enfatizada por muitos santos e teólogos. Por exemplo, Santo Agostinho escreveu: "Esta pedra que foi cortada sem mãos é o mesmo que a pedra angular que foi rejeitada pelos construtores, mas agora se tornou a cabeça da esquina" (Santo Agostinho, Sermão 95). E o Papa São Leão Magno escreveu: "A pedra, portanto, que foi rejeitada pelos construtores, tornou-se a pedra angular; e esta pedra não é outro senão Cristo, que é a cabeça da Igreja, o fundamento da fé, a pedra que os homens tolos rejeitaram, mas que os sábios edificaram em um grande mistério" (São Leão Magno, Sermão 66).
Portanto, a frase "A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular" é uma referência a Jesus Cristo e sua importância como a pedra angular da Igreja, apesar de ter sido rejeitado pelos líderes religiosos de seu tempo. Essa passagem é citada em vários lugares nos Evangelhos e é enfatizada por muitos santos e teólogos católicos como um aspecto importante da fé cristã.
RESUMO
A passagem do Evangelho de Mateus (Mt 21,33-43.45-46) conta a história dos vinhateiros maus que, ao receberem a vinha para cuidar, não entregam a produção ao proprietário e ainda maltratam e matam seus enviados. A parábola apresenta a figura do proprietário como Deus, os vinhateiros maus como os líderes religiosos da época e os enviados como os profetas que foram enviados para guiar o povo.
A parábola traz importantes ensinamentos sobre a fraternidade e a partilha na vida cristã. Em primeiro lugar, mostra que Deus nos confia dons e talentos para cuidarmos e fazer frutificar, e espera que os utilizemos em favor do bem comum e da justiça. Em segundo lugar, ressalta a importância da partilha, já que os vinhateiros maus se apropriam da vinha e de sua produção, deixando de dar a parte que cabe ao proprietário.
Nesse sentido, a parábola é um chamado à conversão e ao compromisso com o Reino de Deus, que é um Reino de amor, justiça e fraternidade. Ela nos convida a refletir sobre como estamos utilizando os dons e talentos que Deus nos confiou, e se estamos contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e solidária.
Assim, diante da mensagem da parábola dos vinhateiros maus, somos chamados a nos unir em torno do amor e da partilha, e a nos comprometermos com a construção de um mundo melhor e mais justo, onde todos possam viver em harmonia e fraternidade.